Cientistas britânicos afirmam ter desenvolvido uma substância que pode tornar as restaurações obsoletas, conforme matéria da BBC publicada esta semana.
De acordo com os cientistas da universidade inglesa King’s College, em testes feitos com ratos, a substância, que recebeu o nome de Tideglusib, estimulou células da polpa dental a taparem pequenas cavidades nos dentes das cobaias.
A técnica consistiu em inserir uma esponja biodegradável embebida na substância dentro da cárie, e cobri-la com uma camada protetora. Os cientistas afirmam que o efeito reparador foi “completo e natural”.
A capacidade de regeneração dos dentes é limitada, por isso a necessidade de restaurações quando há uma cárie maior. No entanto, muitas vezes as restaurações precisam ser refeitas com o passar dos anos.
O objetivo dos pesquisadores da King’s College foi ampliar a capacidade de regeneração natural dos dentes. Segundo eles, a nova substância aumentou a atividade de células-tronco na polpa dental dos ratos; com ela, os cientistas conseguiram fazer reparos em cavidades de 0,13mm nos dentes das cobaias.
“A esponja é biodegradável, isso é a chave”, disse Paul Sharpe, um dos cientistas envolvidos no projeto, à BBC. “O espaço ocupado pela esponja fica cheio de minerais enquanto a dentina regenera. Então, você não tem nada ali que possa falhar no futuro.”
O estudo também conta com um toque brasileiro: o paulista Vitor Neves, bolsista do Programa Ciência Sem Fronteiras, participou da pesquisa. Ele destacou ao programa Bom Dia Brasil, da TV Globo, que a nova técnica é uma das primeiras, senão a primeira, a não utilizar materiais sintéticos para a restauração do dente, e pode abrir portas para pesquisas relativas a outros tecidos.
Pesquisas em medicina regenerativa, que se concentram em estimular células a se dividirem rapidamente para reparar danos, são controversas devido a temores que esse método possa aumentar o risco de câncer no paciente.
De acordo com a BBC, a Tideglusib altera uma série de sinais químicos nas células, o Wnt, o que já foi ligado à ocorrência de alguns tumores. Os cientistas da King’s College, no entanto, afirmam que a substância já foi usada em testes em humanos em pesquisas sobre demência, em concentrações maiores do que as usadas para reparação dental.
A King’s College tem outras pesquisas sobre reparações dentais. Um grupo de cientistas da universidade está estudando o uso de eletricidade para reconstituir o esmalte com minerais.
Fonte: www.cfo.org.br